Talvez a palavra Ergonomia não seja tão desconhecida por você, já tendo sido pauta de algum bate papo no seu trabalho. Por exemplo, como quando não foi possível ajustar a altura de alguma cadeira ou quando a iluminação da sala estava prejudicada por conta de uma lâmpada queimada. Contudo, você sabe o real conceito de Ergonomia?
O dicionário Michaelis define Ergonomia como: “adequação da tecnologia, da arquitetura e do desenho industrial em benefício do trabalhador e de suas condições ideais de trabalho“. Na mesma direção, porém com uma definição mais abrangente, a Norma Regulamentadora 17 que versa especificamente sobre o tema descreve a Ergonomia como a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, visando o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Em sua primeira versão a NR 17 apontava meramente para questões que pudessem gerar lesões físicas, como por exemplo, a maneira de levantar e carregar pesos. Entretanto, com o aprofundamento dos estudos científicos acerca da Ergonomia, quatro novos itens foram incluídos: o mobiliário de trabalho, condições dos ambientes de trabalho, os equipamentos de trabalho e a organização do trabalho, esta última vista como adaptação à modernidade. Resumidamente, o cerne da Ergonomia é adaptar o trabalho ao trabalhador e não o contrário. Sob essa concepção compõe-se observações pontuais e individuais no ambiente de trabalho voltadas para o indivíduo.
Nesse viés, a NR 17 traz em seu conteúdo a obrigatoriedade do empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Embora o responsável pelo cumprimento da norma seja o empregador, o estudo e elaboração da AET deve ser feito por profissional que tenha expertise em Ergonomia. O Laudo Ergonômico, como também é conhecido a AET, pode ser feito por Engenheiros de Segurança do Trabalho, médicos do trabalho ou ergonomistas, profissionais estes capacitados e habilitados para elaborar e emitir o AET.
A premissa da AET é a observação in loco do trabalho sendo executado pelo trabalhador. Diferentemente das análises que eram realizadas no século passado pelas empresas, cujo moldes eram o taylorismo (conceito de busca pela eficiência operacional nas tarefas e melhor rendimento possível), a AET tem como principal característica a análise do trabalho feita em campo, isto é, fundamentada no trabalho realizado pelo trabalhador em seu cenário de trabalho. Outro ponto importante na AET é o seu objetivo. A análise deve ser pautada em melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores e não em questões como aumentar a produtividade ou lucros. O bem estar do trabalhador deve ser o centro da AET.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “estado completo de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade“. Logo, sobre bem estar entende-se também a preocupação com a saúde mental e emocional do trabalhador. Não podemos falar em Ergonomia nos dias que correm sem captar as relações cognitiva, psíquica e emocional do trabalhador.
O conceito de Psicodinâmica do Trabalho, criado por Christophe Dejours, médico francês com formação em psicanálise e profundo estudioso da influência do trabalho na saúde mental dos indivíduos, reforça a importância dessas relações ao destacar os aspectos psicológicos e emocionais por meio do estudo entre prazer e sofrimento no trabalho.
Essa abordagem é contemporânea e refletida em números de aposentadorias por invalidez em decorrência de doenças mentais, conforme dados publicados em matéria do jornal O Globo em 30/01/2021. De acordo com a publicação, o número de aposentadorias desse tipo concedidas em 2019 foi de 241,9 mil, enquanto em 2020 o número registrado dessas aposentadorias foi de 291,3 mil, representando um aumento de 20,4%.
As doenças mentais mais comuns desencadeadas pelo trabalho são depressão, estresse, ansiedade e síndrome de Burnout, esta última causada pelo excesso de trabalho, levando o trabalhador a uma exaustão mental e física. O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde divulgou em agosto de 2018, conforme dados relacionados abaixo, o levantamento da distribuição dos diagnósticos específicos das notificações por transtornos mentais relacionados ao trabalho entre os anos de 2006 e 2017. Esse levantamento identificou o estresse grave como fator principal de transtorno mental relacionado a 47% dos diagnósticos, seguido por episódios depressivos correspondendo a 24% dos casos.
Atender os princípios da Ergonomia é criar caminhos eficazes para um ambiente de trabalho sadio e produtivo. Através da elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho os trabalhadores terão a oportunidade de conhecer novas possibilidades no seu ambiente de trabalho que irão endossar o bem estar físico, psicológico e emocional.
Invista em Ergonomia e tenha colaboradores mais satisfeitos no seu ambiente de trabalho!
fonte: SINAN/Ministério da Saúde, 2006-2017 – atualizado em 08/2018